Dois meninos de 4 anos querem um sorvete. Um deles chora, joga-se no chão, grita, esperneia, fala palavrões… Vinte minutos de birra daquelas que fazem história. O outro diz: “Mamãe, compre um sorvete para mim, por favor. Vai, mamãe, um sorvetinho, porque estou me comportando muito bem. Você é a mamãe mais bonita do mundo! Vai, compre um sorvete, daqueles com leite, mamãe, que são nutritivos…” Qual dos dois você acha que tem mais chances de conseguir um sorvete?
É provável que o menino que faz birra fique sem o sorvete, é provável que gritem com ele, o insultem e o ridicularizem (“que vergonha, um menino tão grande, parece um bebê malcriado”), e em algumas famílias, ele levará uma palmada. Por que um menino teria um ataque de birra, sendo que existem métodos muito mais eficazes?
Ora, faz birra porque não sabe fazer algo melhor. Quando souber fazer de outra forma, deixará de fazer birra. Oito ou dez anos mais tarde, não pedirá um sorvete, mas algo mais caro, uma bicicleta ou um videogame ou o que estiver na moda então, e conseguirá o que quer (certamente, conseguirá) sem ter nenhum ataque de birra.
As crianças pequenas fazem birra porque são psicológica e socialmente imaturas, incapazes de dominar suas emoções, de estabelecer estratégias para conseguir o que querem, de seguir as regras sociais.
E o que devemos fazer, então? Em muitos casos, as birras podem ser evitadas com um pouco de diplomacia. Dando uma volta a mais para não passar na frente da sorveteria, distraindo a criança com uma brincadeira ou uma história, mantendo a calma e sorrindo. No entanto, por maior que seja o nosso esforço, haverá alguns ataques de birra.
A primeira coisa a fazer é saber que seu filho está sofrendo. Não dá para “fingir” um ataque de birra (se seu filho de 4 anos souber atuar tão bem, leve-o a Hollywood, vocês ficarão ricos). Seu filho está sofrendo e a prioridade é consolá-lo, dar a ele amor e tranquilidade.
E compro o sorvete ou não? Você decide. Se comprar ou não, pode fazer bem ou pode fazer mal. Você pode dizer “Toma o sorvete, amor” ou “Está bem, você é teimoso, tome o sorvete e fique quieto de uma vez por todas!”. Você pode dizer a ele “Não, amor, sinto muito. Não posso te dar sorvetes porque têm muito açúcar e faz mal para os dentes” ou “Você me deixa cansado, está sempre pedindo coisas, já te disse que não e é não, e, se continuar chorando, vai ficar de castigo a semana inteira!”.
Não estou dizendo para você dar a seu filho tudo o que ele pedir, claro que não. Só digo que, decida o que decidir, trate seu filho com carinho e respeito. Isso sempre se pode fazer.
Fonte: Revista Crescer
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