A sociedade tem produzido adultos sobrecarregados de trabalho e pouco disponíveis para o lazer, então umas das frases que mais escuto no meu consultório atualmente são “eu não tenho tempo brincar com o meu filho” ou “eu não lembro mais como se brinca”. Juntemos isso à escassez dos momentos livres nas agendas infantis e à oferta excessiva de dispositivos eletrônicos e voilá: temos uma geração de crianças que não brincam!
Por outro lado, os momentos de brincar são extretamente importantes para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças. Especificamente sobre comunicação e linguagem, posso até ser mais enfática: Não há outro meio de ensiná-las, se não BRINCANDO! Nas diferentes etapas da infância, são os jogos sociais, as músicas, as brincadeiras de faz-de-conta, de adivinhação ou adoleta que tornam os pequenos, conscientes e atentos às nossas vozes, expressões faciais, trocas de turno ou formação das palavras, aspectos muito importantes para o desenvolvimento de fala, linguagem e alfabetização.
Lembram-se quantos conhecimentos e experiências nós adquirimos nas brincadeiras de infância? Infinitos!!! Reuni aqui, então, algumas sugestões de atividades lúdicas para não perdermos momentos preciosos de estimulação de desenvolvimento de linguagem e fala para a criançada:
1. Bebês de 6 a 12 meses Os pequeninos já têm boa interação social nesta fase e se deliciam brincando com as pessoas, sem precisarem de tantos materiais e/ou brinquedos. Vale brincar de “cadê – achou”, imitar bichinhos, cantar músicas sobre as rotinas diárias e também àquelas que envolvem as partes do corpo. Eles podem se interessar ainda por ginásios de atividades sensoriais, chocalhos macios, brinquedos com luzes e sons e que possam ir à boca;
2. Crianças de 12 a 18 meses Nesta faixa etária, os bebês já estão começando a andar e falar e os brinquedos que envolvam a participação ativa deles são bem adequados, tais como: placas de encaixes, torres de montagem, músicas com coreografias e/ou com onomatopeias que se repetem. Vale lembrar que nesta fase eles estão iniciando o processo de comunicação com o adulto, então podemos fortalecer tal aspecto com brincadeiras que exijam uma brevíssima espera (que tal “1,2,3 e já”?);
3. Crianças de 18 a 24 meses Tem repertório de brincadeiras funcionais básicas e preferem brinquedos e atividades que proporcionem sensações corporais (tato, visão, olfato, audição e paladar), de noção espacial e de coordenação motora;
4. Crianças de 2 a 3 anos Como pequenas iniciantes, as crianças dessa idade podem se beneficiar de casinha, bonequinhos e bichinhos para uma brincadeira bem inicial de faz-de-conta e tudo mais que possa estimular a linguagem;
5. Crianças de 3 a 4 anos Eles já estão bem independentes motoramente e com um bom repertório de linguagem, eles topam montar cenários com aqueles blocos plásticos coloridos e miniaturas de personagens, também curtem recontagem e invenção de histórias, além de corridas, bicicleta/triciclos.
6. Crianças de 4 a 5 anos A partir dessa idade, os livrinhos são essenciais, mas se sugere que, desde muito cedo, as crianças tenham contato com o material escrito. Além disso, desenhos, pinturas, fantoches, fantasias são o suprassumo para eles!
7. Crianças acima de 5 anos Linguisticamente fluentes, a partir dessa idade, as crianças vão curtir reunir a família em torno da mesa para jogos de tabuleiros, de competição e gincanas em equipe, brincadeiras de rimas. Que tal, “ler” uma receita de sobremesa para vocês prepararem juntos?
No mundo inteiro, em 28 de maio, acontece o “World Play Day” ou o Dia Internacional do Brincar. No Brasil, a Semana Mundial do Brincar (SMB, 20 a 28 de Maio) deste ano traz o slogan Brincar de corpo e alma, nosso ponto de partida e as recomendações envolvem promover o brincar livre, que permita a união de pessoas de diferentes idades! Não é o máximo? Então, se inspirem e criem uma oportunidade diária de brincar com suas crianças (filhos, netos, sobrinhos, vizinhos...)!
Estamos combinados?
Fonte: Revista Crescer
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